Obras
Chão de Vento
Flora se situa nesse universo poético de palavras tantas vezes mágicas. Neste livro, ela descreve o que vê em sua volta e o que ocorre dentro de si. E o que ocorre em sua volta somente olhos atentos de um poeta podem notar. Somente o olhar preciso de um poeta pode descobrir. Somente o gesto claro de um poeta como ela pode distinguir. A poesia fere e às vezes dói. O poema se faz aos poucos envolvendo a palavra em seu apelo e em sua magia.
Em Flora Figueiredo a poesia flui. Mulher, ela tem direito a tudo e a poesia sabe que é assim. A poesia se deixa levar nesse avental de tardes que ela carrega em sonhos e distâncias.
Álvaro Alves de Faria.
- Ilha
- Receituário
- Volto já
Ilha
Não sei por que tanto mar em minha vida.
Ele que fala sempre em despedida,
que canta distância e solidão.
Por vezes parece até que ele vaza,
derruba minha porta,
invade minha casa,
ocupa minha cama,
lava meu chão.
Ele é que faz do leva-e-traz de cada onda
o mensageiro dos afetos separados
e que conserva segredos bem guardados
lá no horizonte, onde a terra se arredonda.
São tantos anos de tamanha intimidade,
que carrego a forte sensação
de que o mar alterou-me a identidade:
metade água, metade coração.