Obras
Florescência
Há poetas e poetas. Na construção lírica de Flora o verso flui do semente, como se a alma molhasse o papel.
É a poesia espontânea, generosa, deslizante, enquadrando pequenas e profundas emoções. A sensualidade fulgura como apelo sereno de amor e, se se aviva, tende a pepertuar as carências do espírito, sem expor a crueza do desenho meramente sexual. Em verdade, a poetisa sabe economizar com talento, a vã costura do inconsequente. Utiliza-se do seu mundo interior para retirar dele vocabulários precisos, sempre tocados de amor. De amor que foi, de amor que é ou de rimas plenas de doçura, a marca inapagável de sua alma.
Olavo Drummond
- Amarelinha
- Força
- Reza
Amarelinha
Procuro o céu insistentemente
como toda a gente,
jogando com a vida
como uma pedrinha
na amarelinha.
De pulo em pulo,
um só pé no chão,
sinto a realidade.
A outra metade é sonho, ilusão.
Assim me equilibro com dificuldade.
Se a pedra cai fora,
então recomeço.
Se a pedra cai dentro,
me ajeito e me apresso.
A meta é no alto
e de salto em salto
disputo comigo.
Às vezes me alegro,
às vezes me exalto.
Será que eu consigo?